Excelente crônica do Luiz Fernando Veríssimo.
Vale a pena transcrever:
"Já ouvi homens sóbrios recorrerem a imagens parnasianas para descrever a textura e a maciez de carne de rã. Não me convenceram!
É um preconceito como qualquer outro, inclusive de cor. Nenhum animal verde me merece confiança – ainda mais no prato.
Também resisto a qualquer tipo de miúdos. Menos o coração, talvez porque tão nobre órgão não mereça o nome de miúdo.
Tudo depende de nossa formação cultural, dos nojos que aprendemos.
Por que comemos leitões e ovelhas sem hesitação ou piedade e nos horrorizamos com a idéia de comer um cachorrinho? Ou um bom gato?
Dizem que a maior e mais antiga fome da humanidade é por carne humana mesmo e que vem daí todos os nossos pudores.
Todas as nossas regras de culinária e comportamento seriam para esconder esta preferência comum. Bom, mas bom mesmo, é gente.
Mas, que eu saiba, não existe pessoa verde."
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